Lápide

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Quero viver uma vida bem vivida

Sem controvérsia, sem contrapartida

Descer desse ônibus em qualquer esquina

Lembrar a grandeza de ser uma menina

“Tá na hora de crescer, mostrar maturidade”

“Não pode fazer isso, já passou da idade”

Pessoas adultas resolvem problemas

Eu só quero ser livre sem esse dilema

Estar aqui ou ali, quem se importa?

Tranquei o quarto, chorei, ninguém bateu na porta

Pergunta se tô bem pra cumprir protocolo

Se quero chorar nem oferece teu colo

Viver de verdade não depende do apoio alheio

Tu só depende da pessoa que te olha do espelho

Creio que ele me olha, lá de cima e sente dó

Tentei falar com ele, na garganta deu um nó

Quanto tempo ainda será que me resta?

No meu funeral, por favor, faça uma festa

Não deixo uma marca de que realmente vivi

Nada mais escreva na lápide, além de Jaz Aqui!

R. Muniz

Mágoa

Mágoa
Poesia é uma cura
Foi por tempos nossa ligação
Teus versos como sutura
Fecharam as brechas do meu coração
Usou poesia pra me ensinar
Me conscientizar
Que tenho a força do mar
(Sou um mar inconstante, meu bem)
Palavras duras, hostis
Mágoa no peito de quem tanto te quis
Covarde é você, mentiu
Segurei tua mão e tu partiu
Completei teus versos e tua vida
Te tornei mais humano
Me tornei suicida
A noite foi tensa
Chorei lágrimas sofridas
Minha fase mais intensa
Ninguém pra sarar as feridas.
Raissa Muniz

Espelho

espelho

Euforia, abraços, risadas

Minha alma agasalhada

Bem diria ser felicidade

Ser feliz não é prazer, é necessidade

Ser feliz é um peso

Sorrir é minha obrigação

Ensaio em frente ao espelho

Sigo com minha vocação

Sou mais forte do que pensava

Quando tudo isso não pesava

Agora carrego no peito

O grito da dor, está feito

Cada palavra mal dita

Cada ausência sentida

Cada dose tragada

Na solidão afundada

Meu mal agora faz bem

Aquelas palavras escritas

Não escutei de ninguém

Morri varias vezes, revivi

Noites sem poder dormir

Arrastei correntes em lamento

Você viu meu sofrimento?

 

Raissa Muniz

Lá vai ela

lá vai ela

Ela vai,

Pés descalços no asfalto

Sempre olhando pro alto

A procura de Deus

Suplicando pelos seus

Ela vai,

Quer que ouçam seus gritos

Seu coração sempre aflito

Na confusão deste mundo

Mais um sentimento profundo

Ela vai,

Com toda a vontade de quem quer viver

Felicidade é tudo o que se quer ter

Você diz que é tolice expectativa na vida

Ela luta todo dia pra não ser vencida

A vida é arte

E eu sei pintar

Sofrer também faz parte

Na vida de quem quer amar.

 

Raissa Muniz

Arte de viver

Arte de viver

A vida é uma tela

Você é o artista

Escolha bem as cores

Faça a arte mais bela

Que seja bem egoísta

Com suas próprias dores

Preto, cinza, fosco

Mesmo estando no fundo do poço

Verde, laranja, amarelo

Com o brilho do teu sorriso mais belo

Marrom, roxo, rosa

Use o que sente em cada prosa

Azul, branco, vermelho

Se encante com o que ver no espelho

Crie sua arte

Não pra impressionar

Quem passa, olha e parte

Cada um com seu pensamento

Diferentes formas de ver

O maior artista do seu tempo

Não precisa aparecer na TV.

 

Raissa Muniz

Feridas

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Hoje me perguntaram por você, perguntaram por nós, pelo nosso velho amor. Você é aquela velha ferida que sempre é reaberta antes de cicatrizar totalmente; e toda vez que penso estar quase curada, alguém me vem com perguntas que reabrem essa dor.

Me perguntam se ainda sinto algo – claro que sinto, e sempre vou sentir. Outros ainda mais cruéis dizem achar que você ainda sente (isso é tão cruel). Quando as pessoas irão entender que sentimento alheio é coisa que não se deve mexer?

Esses comentário me machucam, ainda mais quando se trata do homem que teve de mim os sentimentos mais profundos, sinceros, intensos e puros.

Você seguiu, fez bem. Eu parei e fiquei olhando até você sumir. Até agora estou aqui, parada na rua dos sentimentos, assustada, esperando que alguém me dê uma carona e me tire daqui. Mas parece que permanecerei aqui sentada, esperando por um longo tempo, ainda cuidando dessa ferida que não sara.

R. Muniz

 

Ps.: Aqui é escuro e frio desde a sua partida, e isso tem atrasado minha cura.

Soledad

soledad

Me preparei tanto pra esse momento, mas quando chegou me assustei, sinto-me apavorada com essa solidão.

Tudo em volta é escuro e frio. Por mais que exista alguém(pois sempre existe), não consigo ver.

O medo me cega

As lágrimas embaçam minha visão

tudo que vejo (sinto) é um mundo escuro

sem amor

sem amigos

sem ouvidos para ouvir(entender) meus dramas.

Nunca pensei que meu riso se tornaria tão escasso.

Vivo um dia de cada vez

sabendo que o próximo pode ser pior

Porém, esperando que seja melhor

mais fácil

digno de meus sorrisos.

 

R. Muniz

Pássaro Azul

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Hoje eu preciso falar sobre o que eu sinto. Não tem como prender esse pássaro azul que mora em meu peito. 

Penso, penso, penso…. 

Só chego a conclusão de que, o que eu sinto pode acabar me matando. Como homem bomba, carrego explosivos em meu peito. Sentimentos que não são nem agressivos, nem destrutivos; mas que a opinião dos outros sempre os fizeram parecer ruins demais.

Estou numa prisão em que os mais fortes prevalecem, os racionais ditam as regras. O que comer, o que vestir, o que falar e até o que sentir. Há muito a razão tem tomado conta de tudo. Os mais fracos só tem o direito de calar, abafar os sentidos, e fingir ser racionais. Fingir amar quem não amamos só por ser o aceitável? Fingir ser feliz, só por mera aparência? Isso basta pra vocês? Até quando? Até quando irão sorrir escondendo a dor? 

Querem dizer quem devo amar, mas sinto muito, não posso aceitar isso por nem sequer um dia mais. Na verdade a única coisa que faço agora é sentir muito. 

Sinto muito o que a muito tempo não sentia por medo de desafiar a razão. E muitos me dirão: Você vai sofrer sérias consequências. 

Sim, eu sei. E sinto muito mesmo assim. Esse pássaro azul que vive em meu peito já cansou de ficar engaiolado, e agora quer voar. 

R. Muniz

 

(Inspirada por “O pássaro Azul” de Bukowski)

Escolhas

escolhas

A vida é feita de escolhas

sim ou não

isso ou aquilo

hoje ou amanhã

amar ou não

sair ou ficar trancada no quarto.

 

E você vive na pressão de escolher o certo. Só não sabe se tá querendo escolher o certo pra si ou pras pessoas em volta.

Infelizmente você nunca vai agradar a todos. Difícil agradar as pessoas, e se você vive querendo agradar aos outros, de quem são as escolhas que você faz?  Pode realmente dizer que escolheu isso? Pode realmente dizer que viveu?

Suas escolhas formam o ser humano que você é, seus amores, seus ódios, suas cicatrizes, tudo é um resultado do que decidiu fazer.  Sua vida, sua história, suas marcas, suas quedas, suas escolhas. Só você pode construir isso. Ninguém deveria decidir por você. Se não tens o mérito por suas escolhas, pode realmente dizer que esta é a sua historia, sua vida?

R. Muniz

Ampulheta

ampulheta

 

O tempo corre tão veloz

Tudo acontece depressa

Passam dias, meses, anos

E a vida só regressa

Tô cansada desse caos

Tô cansada das mentiras

No balançar do relógio, as mãos

Cansam de escrever palavras repetidas

Quantas vezes eu sorri

Tantas vezes eu chorei

Ninguém viu o que eu vi

No fundo do poço onde parei

Trancada nesse quarto escuro

Vendo o relógio passar

Oh deus! Por quem mais eu juro

Se agora parece que só me resta parar?

Parar de escrever, não!

Parar de dá satisfação

Escrever é meu legado, missão

Parem de segurar minha mão

Pois o tempo tá passando

Nada do que eu disse pra você serviu

Acho que tô regressando

Vivo escondida a vida que ninguém viu

Chegou ao fim, afundou na sarjeta

Já era, acabou seu tempo

Não adianta virar a ampulheta

Adiando o fim, evitando lamento

R. Muniz