Costumávamos ser livres

Costumávamos ser livres
Andar nas ruas sem temer
Sorrindo e festejando com os amigos
Música alta, teu toque me fazia tremer.
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Costumávamos ser livres
Do mal estamos nos escondendo
Atrás de uma estante de livros
Lá fora o mundo está fedendo.
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Tenho medo do mundo,
De cada lugar em que estive
Absorvi o que havia de profundo.
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Quero respirar sem reserva
Estou presa há muito tempo
Nem amor nem ódio me preserva
Tudo tem sido apenas momento.
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Costumávamos ser livres sem corte
Agora resta o medo da morte
Viverá quem tiver sorte
Vencerá quem for mais forte.
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Raissa Muniz

Não me deixa morrer

• Setembro Amarelo

A vida pode ser pesada demais
Pessoas vivem mandando sinais
Seus medos, são medos reais
Ainda existem amigos leais?
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Só uma ligação nessa madrugada
Madrugada fria que meus ossos esmaga
Lágrimas quentes, coração gelado
Dói viver na multidão mas sem alguém ao lado
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Sofri por um ano inteiro
Afundei cada pedaço meu por inteiro
No drama da vida real atuei
Pareceu que não era nada porque calei
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Se eu falar, vai me ouvir?
Se me ouvir, vai entender?
Se não entender, vai discutir!
Só peço um favor: não me deixa morrer!

Raíssa Muniz

Encarcerada

 

encarcerada

Uma prisão foi formada dentro de mim. Nela estão sentimentos, emoções, vontades… Cada um, por algum motivo qualquer, aparentou ser uma ameaça e foi detido. Não lembro se eu fui a culpada por isso.

Sentir o que eu sinto parece ser crime aqui fora; se as pessoas lessem todos os meus rascunhos, seria eu a encarcerada. Não estou eu presa em mim mesma com todos esses pensamentos sufocantes?
Sentir é um crime que poucos ousam cometer. Viemos pela conveniência do que é cabível, aceitável. Imprestáveis! Sua prisão é fraca, sua intolerância mata e sua justiça destruiu meu ser.
A verdade continua aqui em meu peito, mas meu julgamento só cabe a mim executar. Não decreto prisão perpétua ou pena de morte.
Liberdade! Me grita no peito.
Me livro de correntes, chicotes e celas.
Amo, sinto, vivo! Não se pode aprisionar sentimentos em um coração escancarado.
Raissa Muniz

Direito de Ser Humano

rosa com correntes

Tu tem direito à liberdade
Todos nascemos livres
Contigo nasceu dignidade
Seja da vida um ourives
Não é a cor da tua pele
Raça, cor, religião
Nada te define, te fere
Somos uma legião
Artigos definem teus direitos
Respeito garantido pela ciência
Ditam o que devem ser feito
Porque o homem não usa a consciência?
“Somos todos iguais”, me disseram
“Não existe distinção”
Pergunta pra’queles que trouxeram
Nos ombros a escravidão
Pra dor alheia fecham os olhos
Tá na lei, é só isso
Direitos humanos são Abrolhos
Na real somos todos omissos
Raissa Muniz

Lápide

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Quero viver uma vida bem vivida

Sem controvérsia, sem contrapartida

Descer desse ônibus em qualquer esquina

Lembrar a grandeza de ser uma menina

“Tá na hora de crescer, mostrar maturidade”

“Não pode fazer isso, já passou da idade”

Pessoas adultas resolvem problemas

Eu só quero ser livre sem esse dilema

Estar aqui ou ali, quem se importa?

Tranquei o quarto, chorei, ninguém bateu na porta

Pergunta se tô bem pra cumprir protocolo

Se quero chorar nem oferece teu colo

Viver de verdade não depende do apoio alheio

Tu só depende da pessoa que te olha do espelho

Creio que ele me olha, lá de cima e sente dó

Tentei falar com ele, na garganta deu um nó

Quanto tempo ainda será que me resta?

No meu funeral, por favor, faça uma festa

Não deixo uma marca de que realmente vivi

Nada mais escreva na lápide, além de Jaz Aqui!

R. Muniz

Pássaro Azul

pássaros

Hoje eu preciso falar sobre o que eu sinto. Não tem como prender esse pássaro azul que mora em meu peito. 

Penso, penso, penso…. 

Só chego a conclusão de que, o que eu sinto pode acabar me matando. Como homem bomba, carrego explosivos em meu peito. Sentimentos que não são nem agressivos, nem destrutivos; mas que a opinião dos outros sempre os fizeram parecer ruins demais.

Estou numa prisão em que os mais fortes prevalecem, os racionais ditam as regras. O que comer, o que vestir, o que falar e até o que sentir. Há muito a razão tem tomado conta de tudo. Os mais fracos só tem o direito de calar, abafar os sentidos, e fingir ser racionais. Fingir amar quem não amamos só por ser o aceitável? Fingir ser feliz, só por mera aparência? Isso basta pra vocês? Até quando? Até quando irão sorrir escondendo a dor? 

Querem dizer quem devo amar, mas sinto muito, não posso aceitar isso por nem sequer um dia mais. Na verdade a única coisa que faço agora é sentir muito. 

Sinto muito o que a muito tempo não sentia por medo de desafiar a razão. E muitos me dirão: Você vai sofrer sérias consequências. 

Sim, eu sei. E sinto muito mesmo assim. Esse pássaro azul que vive em meu peito já cansou de ficar engaiolado, e agora quer voar. 

R. Muniz

 

(Inspirada por “O pássaro Azul” de Bukowski)

Escolhas

escolhas

A vida é feita de escolhas

sim ou não

isso ou aquilo

hoje ou amanhã

amar ou não

sair ou ficar trancada no quarto.

 

E você vive na pressão de escolher o certo. Só não sabe se tá querendo escolher o certo pra si ou pras pessoas em volta.

Infelizmente você nunca vai agradar a todos. Difícil agradar as pessoas, e se você vive querendo agradar aos outros, de quem são as escolhas que você faz?  Pode realmente dizer que escolheu isso? Pode realmente dizer que viveu?

Suas escolhas formam o ser humano que você é, seus amores, seus ódios, suas cicatrizes, tudo é um resultado do que decidiu fazer.  Sua vida, sua história, suas marcas, suas quedas, suas escolhas. Só você pode construir isso. Ninguém deveria decidir por você. Se não tens o mérito por suas escolhas, pode realmente dizer que esta é a sua historia, sua vida?

R. Muniz

Vassalo

vassalo

Pouco fazemos dieta

Muito falamos, é a bola da vez

Mas no amor não vivemos de merreca

Pouco importa agora o que eu fiz, o que cê fez

Foi pouco tempo, o fim foi duro

Pouco caso, muito cinismo

Me diz agora, qual foi seu lucro?

Era seu objetivo, tipo onda de capitalismo

Te jurei fidelidade como um vassalo

Com superioridade me dominou

Meu benefício era amá-lo

De um grande precipício me derrubou

Era um nobre cavalheiro, só no meu sonho

Gentil, amigável, pura nobreza

Ao seus caprichos e vontade me exponho

Sarcasmo e egoísmo são a sua natureza.

 

R. Muniz

Só uma crítica

precipício

Para todos os lados que olho vejo um mundo altamente crítico. Todos cheios de razão.

Engraçado que este é o mesmo mundo que fala tanto em aceitação e respeito, mas que está constantemente impondo suas opiniões, uns aos outros. Daí você se sente pressionado a ser crítico também, não aceitar ou se moldar.

Mas as pessoas esquecem do equilíbrio.

Eu, sinceramente, não faço questão de aguçar meu senso crítico da vida e do mundo. Sempre gostei de observar, e não opinar. Opinar me traz a responsabilidade de sustentar argumentos, me obriga a ser A ou B. Francamente, eu prefiro ser eu, apenas. Sem pressão, sem perfeição, sem criticar, sem opinar, sem movimentar ações. Prefiro apenas ser e deixar o outro ser também.

Não é meu dever, muito menos direito, trazer juízo e condenação ou buscar razões ao que o outro pensa.

R. Muniz

 

P.s.: Isso parece uma crítica aos críticos?