Posso rasgar as cartas
Mas nunca esquecer o gosto
Tranquei todas as portas
Mas não tomei o caminho oposto
.
As estradas não me tiram de mim
Tento fugir do que criou raiz aqui
Lutei atoa todas vezes e perdi
.
São emoções e sentimentos profundos
Que rasgam latente meu íntimo
Faço questão de sentir o que creio ser absurdo.
.
Escrevi a última carta e te falei tudo
Dias depois meu coração gritava pra voltar
Me vi chorando sozinha no escuro
Engolindo a seco até perder o ar
.
Raissa Muniz
Tag: fim
Meu Fim
Previ o fim desde o começo
Abro um gym e recomeço
No teu olhar me reconheço
Me tira o ar, eu enlouqueço
.
Eu que jurava que era feitiço
Me embriaguei com teus resquícios
Só uma dose virou meu vício
Me vi a beira do precipício
.
Era tudo questão de fé
Já me bastava ficar de pé
Sempre andando em marcha ré
Fingindo ser o que não é
.
Pude voar
Perdi o ar
Tentei voltar
Perdi meu lar
R. Muniz
Crises
E no meio de tudo
Pensar no futuro
Tô em cima do muro
Fugindo do mundo
Crises, crises, crises
Essa voz que não cala
Por vezes me abala
A ferida não sara
Já refiz minha mala
Crises, crises, crises
Cansei de chorar
Faça o mundo parar
Vejo tudo rodar
Minha fé esgotar
Crises, crises, crises
Não aguento mais
Nunca chego ao cais
Minha força se vai
Peço perdão aos meus pais
Crises
Crises
Crises.
“- É apenas uma crise”
Raíssa Muniz
Não me deixa morrer
• Setembro Amarelo
A vida pode ser pesada demais
Pessoas vivem mandando sinais
Seus medos, são medos reais
Ainda existem amigos leais?
.
Só uma ligação nessa madrugada
Madrugada fria que meus ossos esmaga
Lágrimas quentes, coração gelado
Dói viver na multidão mas sem alguém ao lado
.
Sofri por um ano inteiro
Afundei cada pedaço meu por inteiro
No drama da vida real atuei
Pareceu que não era nada porque calei
.
Se eu falar, vai me ouvir?
Se me ouvir, vai entender?
Se não entender, vai discutir!
Só peço um favor: não me deixa morrer!
Raíssa Muniz
Ampulheta
O tempo corre tão veloz
Tudo acontece depressa
Passam dias, meses, anos
E a vida só regressa
Tô cansada desse caos
Tô cansada das mentiras
No balançar do relógio, as mãos
Cansam de escrever palavras repetidas
Quantas vezes eu sorri
Tantas vezes eu chorei
Ninguém viu o que eu vi
No fundo do poço onde parei
Trancada nesse quarto escuro
Vendo o relógio passar
Oh deus! Por quem mais eu juro
Se agora parece que só me resta parar?
Parar de escrever, não!
Parar de dá satisfação
Escrever é meu legado, missão
Parem de segurar minha mão
Pois o tempo tá passando
Nada do que eu disse pra você serviu
Acho que tô regressando
Vivo escondida a vida que ninguém viu
Chegou ao fim, afundou na sarjeta
Já era, acabou seu tempo
Não adianta virar a ampulheta
Adiando o fim, evitando lamento
R. Muniz
Vassalo
Pouco fazemos dieta
Muito falamos, é a bola da vez
Mas no amor não vivemos de merreca
Pouco importa agora o que eu fiz, o que cê fez
Foi pouco tempo, o fim foi duro
Pouco caso, muito cinismo
Me diz agora, qual foi seu lucro?
Era seu objetivo, tipo onda de capitalismo
Te jurei fidelidade como um vassalo
Com superioridade me dominou
Meu benefício era amá-lo
De um grande precipício me derrubou
Era um nobre cavalheiro, só no meu sonho
Gentil, amigável, pura nobreza
Ao seus caprichos e vontade me exponho
Sarcasmo e egoísmo são a sua natureza.
R. Muniz
Agonia
Muitas vezes me senti sozinha, mesmo estando acompanhada de muitas pessoas. Passei momentos de profunda tristeza, mesmo sorrindo aos ventos. Hoje em dia não me preocupo mais em ficar me contendo, não me envergonho em externar meus reais sentimentos.
Pode não parecer que sou eu, mas agora qualquer “bobagem” me deixa extremamente triste, sobrecarregada, com uma dor no peito que parece que vou morrer. E eu nem me importo em transbordar, externar tudo que sinto.
Talvez seja resultado de todas as vezes que sorri por fora e chorei por dentro.
Talvez seja o acúmulo de decepções mal superadas (que eu fingi superar).
Talvez todos esses sentimentos negativos sejam um reflexo, ou melhor, uma consequência de todas as vezes que engoli o choro; dei colo quando eu precisava de um; do quanto tentei resolver a vida das pessoas, sendo que a minha estava precisando de solução.
Tudo isso pode ser visto como a porta de um quarto escuro, se abrindo pra que todos vejam, finalmente, a bagunça que tem aqui dentro.
R. Muniz
As Lembranças
Lembrar das brigas
Dos defeitos
Dos medos.
Me faz sofrer lembrar do mal que me fez.
Me faz sofrer ainda mais lembrar do bem.
Do cheiro
Do beijo
Dos versos
Das fotos
Desenhos de mim que tu fizeste
Das músicas compartilhadas…
Mas é estralho como o tempo passa
e o que era tão forte,
hoje não é nada.
Quase não lembro da sua voz,
Do seu cheiro
Do seu gosto.
Sua Lembrança se torna cada vez mais vaga em mim.
Será que um dia serei capaz de esquecer
até mesmo seu rosto?
Raissa Muniz
Vi em Você
Vi em você um ser perfeito
Alguém confiável
Amável.
Vi em você a força da vida
Vi em você o sorriso da chegada
Vi também a dor da partida.
Vi em você o bem e o mal
Vi em você o meu ideal
Vi tudo que sonhei
O que mais desejei.
Vi também, em ti, um ser desconhecido
Com o qual me assustei
Chorei
Sorri
Vivi
Me dei
Briguei
Senti
Voltei
Parti.
Fui feliz, fui iludida
Fui fiel e fui amiga
Mas no fim notei
Que só vi em você
O que eu queria ver.
Raissa Muniz
As Dores
As pancadas que levamos ao longo da vida
nos fazem sentir um cansaço, uma indisposição…
É algo que não se pode conter.
As decepções não trazem só as lágrimas.
Quisera eu apenas chorar e depois..
Depois reviver,
Como se fosse um novo ser
cheio de vida,
esperança
e sem lembranças do que passou.
Mas agora creio que não foi uma decepção.
Ou talvez tenha sido sim,
Decepção comigo mesma.
Por eu ter deixado tudo desmoronar
como se fosse um prédio condenado a demolição.
E o estrago foi imenso.
Ainda hoje estou a limpar a poeira que ficou,
os restolhos que sobraram aqui dentro de mim.
E como estou exausta!
Raissa Muniz